No seu refúgio junto ao mar, enterra a mão na areia mole. Procura a humidade do fundo da areia, de modo a conseguir sentir o fresco. Respira fundo. A sua mão enterra-se cada vez mais como que numa areia movediça.
Sente o cheiro do sal. O cheiro das algas e da vida que vive nas rochas que a rodeiam.
Ouve o murmúrio de um mar quase calado, como se de uma canção se tratasse. O ritmo acalma-a e fá-la trautear uma qualquer canção do seu coração.
Os pés tocam a água…. Um toque delicado, ritmado pelo capricho do mar, que volta e meia lhe beija os pés, como que a convidá-la.
Retira a mão da areia e decide avançar para o mar.
A roupa molhada começa a pesar… o sal entranha-se na pele e ela sorri.
Sente a corrente puxá-la como se de um convite se tratasse. Ri-se: não é necessário um convite entre velhos amigos.
Continua sempre a andar, sem parar, sem deixar que a roupa pesada lhe quebre o ritmo. A água já lhe ultrapassou a cintura faz tempo e ela fecha os olhos.
Mergulha com delicadeza e com a reverência com que o velho amigo merece ser cumprimentado e se inicialmente mantém os olhos fechados para absorver todas as carícias do mar na sua face, decide depois abrir os olhos e ver a luz reflectida na água que a rodeia. Sempre gostou de ver como os dois amigos brincam.
Sonha em ser capaz de suster a sua respiração tanto tempo quanto o necessário para absorver toda a beleza do que está a ver.
Sonha em ser capaz de absorver e entender muito mais do que a rodeia. Sonha em ser capaz de acreditar e de sentir. Sonha em ser feliz.
domingo, março 29, 2009
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