Mais de dois anos eis que volto.... é esta a particularidade dos blogs... permitem-nos muito mais do que um facebook... Pessoalmente acho que nos dão maior liberdade e expressão.
Ao reler os meus posts, vejo que no fundo pouco mudou. Estou mais velha, mais grisalha, mais pesada (e eu que pensava ter atingido muito.... ). O desgaste que a minha profissão me causa continua a ser imenso. Tenho a felicidade de ter diminuido a carga de urgências, e o número delas baixou significativamente, mas o desconforto continua sempre lá, toda a noite. Tenho finalmente os domingos para mim. Posso pelo menos um dia por semana simplesmente parar. Porque infelizmente quando não estou a trabalhar, quero só, e muito simplesmente, parar.
A minha carga de trabalho está mais intensa, criei uma base de clientes mais larga que não permite que me sente nas 6h30 de trabalho seguido que tenho diário. Talvez já pareça mais assertiva, mas continuo por dentro insegura e desconfortável por fazer coisas que por vezes não consigo ter 100% de certeza. Continuo a carregar os casos comigo para casa, não desligo nem sei como.
No fundo, acho que me tornei mais numa adivinha do que numa médica veterinária.... é-me pedido cada vez mais soluções empíricas mas sem acesso a quaisquer exames, o que acaba por me tornar numa adivinhadora profissional (infelizmente acho que me tornei boa nisso)....
A vontade de mudar mantém-se, a inércia também. Estou cada vez mais recolhida e fechada (se é que isso é possível). Tenho ocasionais raios de luz mas raros e terão tendência a piorar. Sair do conforto de casa para passear torna-se cada vez mais desconfortável.
Melhoro os meus dotes práticos para artes manuais e afins, mas o gosto pela maioria das coisas da vida está perdido, e quando faço algo que costumava adorar, sinto aquele vazio, aquele nada que me diz "era assim que me sentia?"....
Continuo teimosa e obstinada, continuo responsável e cuidadosa, continuo a ser o pilar de muita coisa, embora isso me destrua sempre mais um pouco.
Cansada de esconder o desalento que me acompanha, mas no fundo, faz parte do dia a dia e do trabalho.
Dou por mim, por vezes, a pensar se a vida se resume a isso. Sei que não deve ser, há tanta gente supostamente feliz por todo o lado, concerteza terão encontrado uma maneira ou mecanismo que lhe providencia alegria de uma forma mais constante. Continuo a achar que sou desperdício de espaço.
Mais do mesmo, só que agora talvez com uma serenidade quase mórbida de quem aceitou e se curvou perante o que supõe ser uma inevitabilidade da vida.
domingo, setembro 20, 2015
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